O Ministério Público do Ceará (MPCE), por meio da 12ª Promotoria de Justiça de Juazeiro do Norte, apresentou denúncia contra os apresentadores do podcast “Na Lata” por crime de homofobia. A ação, formalizada na última sexta-feira (26/09), envolve João Paulo Ramos e o ex-vereador Janu, após comentários ofensivos feitos contra a jornalista Karol Matos durante uma live no início do mês.
O episódio aconteceu na noite de segunda-feira (1º), durante a transmissão ao vivo do programa. Em meio à conversa, João Paulo afirmou: “A sapatão preferida do povo que fica fazendo esse tipo de situação, como diz uma colega minha, é falta de tchola”, rindo em seguida. Mais adiante, Janu completou: “A sapatãozinha apresentando o programa aí ó, começou hoje o programa dela”, se referindo à estreia do telejornal Central Caririensi, comandado por Karol.
Na denúncia, o MP pediu a suspensão das contas do podcast no Instagram e no YouTube por seis meses. Além disso, solicitou o pagamento de 20 salários-mínimos de indenização à jornalista e dez salários-mínimos por danos à coletividade. O órgão também quer que os apresentadores mantenham distância mínima de 300 metros da profissional e sejam proibidos de fazer qualquer contato com ela.
A Promotoria ressaltou que os ataques foram feitos em plataformas com grande alcance, o que agrava a situação por expor a vítima publicamente e incentivar práticas discriminatórias. Segundo as investigações, os apresentadores ainda teriam feito acusações sem provas de que Karol receberia dinheiro de políticos locais para publicar matérias positivas.
O caso reacende a discussão sobre os limites da comunicação e a importância de respeito em espaços públicos. Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou crimes de homofobia e transfobia ao crime de racismo, com penas que podem variar de 1 a 3 anos de prisão, além de multa. A denúncia agora será analisada pela Justiça.
